Ode ao Desalento

Se os corpos correm vazios para o solo,
A força irrefutável da gravidade ignóbil
Há de drenar a vida insossa das almas,
Desamparadas inconsoláveis almas, dizia.

Tais palavras o inundavam com a certeza
De que os corvos viriam buscá-las na manhã.
Palavras escuras como a noite mais longa
Que em breve findaria fria e repentina.

Cúmplice lua, baça observava sem piedade
O choro do perdido afogado em atrocidades.
Amargurado, desamparado, petrificado,
Só, indeciso, abriria as asas sob o céu e voaria.

E, enfim, a vida se esvairia, sucumbiria,
Repugnante. A morte a saudaria.
Condolências aos vivos,
Flores aos mortos!



Este poema foi selecionado juntamente com outros 200 para fazer parte da coletânea Poetize 2019. Confira a lista de classificados no endereço eletrônico abaixo:
http://www.premiopoetize.com.br/index.htm

Também disponível na Antologia na Amazon: Ascendente: Antologia da Semana da Visibilidade Ace 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Epidemia

Cultivo de Rádios

Reboco e aranhas